Aproximam-se as estações do outono e do inverno. Inexoravelmente virá com estas duas estações uma nova época de gripe sazonal. Nos últimos anos temos observado uma maior intensidade da época gripal entre os meses de dezembro e de fevereiro. 

Os vírus influenza são os responsáveis pelo surgimento sazonal da doença viral à qual em Portugal chamamos de gripe. Existem 3 tipos de vírus influenza: A, B e C e cada um deles possui determinados antigénios, nomeadamente os de superfície, capazes de penetrar na membrana celular do hospedeiro e causar doença. 

A gripe carateriza-se por um início súbito de calafrios, mal-estar geral, febre, prostração, tosse, dor de garganta, dores generalizadas (especialmente nas costas e nas pernas). A persistência da tosse irritativa e produtiva pode ser sinal de infeção respiratória inferior. 

A principal complicação da gripe é o surgimento de pneumonia. 

A prevenção primária da Gripe, consiste na administração da vacina anti-gripal às pessoas com idade superior a 6 meses que sofram de determinadas doenças crónicas, imunodeprimidas, grávidas e os que tenham idade superior a 65 anos, sendo esta gratuita e administrada no SNS.  

Os profissionais de saúde, bombeiros e pessoal dos estabelecimentos prisionais também são vacinados gratuitamente pelo SNS. 

A vacina também está recomendada entre os 60 e os 64 anos de idade. 

As 3 vacinas existentes em Portugal são, Fluarix Tetra, Vaxigrip Tetra (só no SNS) e a Influvac Tetra (farmácias). Possuem 4 antigénios inativados, 2 do vírus influenza tipo A e 2 do vírus influenza tipo B. 

Recomenda-se que a administração da vacina anti-gripal deve ter um intervalo mínimo de 14 dias da vacina anti-covid 19, no entanto já é admissível a administração simultânea com riscos controlados.

Na última época gripal (2020/21), devido às medidas implementadas de controlo da pandemia do vírus SARS-CoV-2, a circulação do vírus da gripe foi baixa e, felizmente, não se registaram mortes diretamente relacionadas com gripe em Portugal (na época gripal antecedente morreram 49 portugueses). 

As empresas devem preparar-se para os impactos desta doença na saúde dos seus trabalhadores, mas também para as eventuais consequências da gripe no nível de absentismo e até na operacionalidade.

Este ano Portugal receberá cerca de 3,1 milhões de vacinas. O Serviço Nacional de Saúde administrará diretamente 2,2 milhões de vacinas (71%) e as Farmácias portuguesas irão gerir 900 milhares de vacinas (29%). Destas últimas, 200 milhares serão destinados obrigatoriamente a população com idade igual ou superior a 65 anos. 

A primeira fase de vacinação gratuita no SNS em 27 de setembro, destinada a: residentes, utentes e profissionais de estabelecimentos de respostas sociais; doentes e profissionais da rede de cuidados continuados integrados e profissionais do Serviço Nacional de Saúde e Grávidas. 

A segunda fase integrará os outros grupos-alvo abrangidos pela vacinação gratuita, destacando-se pessoas com idade igual ou superior a 65 anos e pessoas portadoras de doenças ou condições que constam na Norma da vacinação contra a gripe 2021/22 (ainda não publicada nesta data). 

A terceira fase, destinada ao publico em geral está prevista iniciar nos últimos dias do mês de outubro de 2021. 

Neste contexto, os Serviços de Saúde no Trabalho (SST) terão apenas acesso ao contingente de 500 milhares de vacinas, que se prevê estarem disponíveis apenas na terceira fase.  À semelhança do que aconteceu no ano passado, prevemos que haja uma grande escassez de vacinas destinadas aos SST, pelo que recomendamos que todos os trabalhadores elegíveis para as duas primeiras fases se vacinem nestas.

Maria João Manzano,
Diretora de Medicina do Trabalho, Ecosaúde S.A.