COVID-19, O QUE JÁ SABEMOS
O risco de infeção por microrganismos é perpétuo. Devemos assim, sem indiferença ou alarmismo, adequar-nos a esta realidade, minimizar os riscos e seguir com as nossas vidas pessoais e profissionais.
Os coronavírus são uma família de vírus que têm como reservatório natural outras espécies animais, mas que podem causar doença na espécie humana ao conseguiram atravessar a barreira da espécie original, por mutação do vírus ou pelo aumento da frequência de contato dos humanos com aqueles animais.
Ao longo da vida, a maioria das pessoas foi e será infetada com os coronavírus comuns. Estes vírus são uma causa frequente de infeções respiratórias brandas a moderadas de curta duração e também podem causar infeções gastrointestinais ligeiras.
Há, no entanto, entre os coronavírus vírus alguns causadores da forma de doença mais graves, como seja a pneumonia atípica grave. Nas últimas duas décadas já se contam três nesta forma mais grave: o SARS, o MersCov e mais recentemente o COVID-19 (novo coronavírus, doravante).
O novo coronavírus foi identificado pela primeira vez no final de dezembro de 2019 na China, na Cidade de Wuhan. Este novo agente nunca tinha sido identificado em seres humanos, e foi identificado na sequência de um surto de infeção respiratória aguda naquela cidade.
As vias de transmissão ainda estão em investigação, mas há confiança que esta siga os mecanismos normais das infeções respiratórias e, neste pressuposto, o novo coronavírus transmitir-se-á de pessoa a pessoa através do contato da pessoa não infetada com os aerossóis expelidos pela pessoa infetada quando tosse ou espirra. O contato com superfícies e objetos contaminadas por estas secreções humanas também pode ser fonte de infeção (maçanetas de portas, teclados, dispositivos móveis, entre muito outros objetos).
As pessoas em maior risco de infeção são aquelas que, desprotegidas, tenham maior frequência de contato com pessoas infetadas ou com superfícies e objetos infetadas por elas.
Dados preliminares obtidos na China suportam a hipótese da doença afetar principalmente os adultos (apenas 2,1% dos infetados têm menos de 20 anos) e da gravidade da mesma estar correlacionada com idade avançada, superior a 60 anos, e com a existência de comorbilidades, com sejam: a doença cardiovascular, a doença respiratória e a diabetes.
O período de incubação ainda se encontra sob investigação, mas há informação empírica que aponta para um período normal de incubação da doença de até duas semanas (14 dias). Neste período podem não se manifestar de forma evidente os sintomas da doença.
Os principais sintomas da infeção pelo novo coronavírus são: a febre, a tosse seca, as dores no corpo (mialgias) e a dificuldade respiratória. A grande maioria dos casos (80%) terá apenas sintomas ligeiros e recuperará da doença.
Nos casos mais graves a infeção pelo vírus pode evoluir para pneumonia, falência orgânica e em alguns casos, infelizmente, a morte
A taxa de mortalidade da doença ainda não é conhecida, mas informação disponível sustenta a hipótese desta poder estar compreendida num intervalo entre 2% e 4% (SARS foi 10% e MersCov 39%).
A nível global, estão a ser desenvolvidos esforços significativos para descobrir tratamentos específicos e cura da infeção pelo novo coronavírus, assim como a produção de uma vacina preventiva. Enquanto não houver sucesso nestas diligências, só é possível tratar os sintomas da infeção.
O Serviço Nacional de Saúde português tem a competência, os recursos e a capacidade de resposta para o tratamento de todos sintomas desta nova doença.
Dra. Maria João Manzano
Médica Especialista em Medicina do Trabalho e em Medicina Geral e Familiar