A implementação de medidas de prevenção nos locais de trabalho é fundamental para controlar o risco de contaminação pelo novo coronavírus em contexto laboral, tendo um papel preponderante no controlo da COVID-19. 

Todas as empresas e empregadores da nossa sociedade devem contribuir para a prevenção do surto de COVID-19, através da adoção de condutas adequadas e adaptação dos locais de trabalho, de forma a evitar a propagação desta doença. 

Consideram-se como principais medidas de prevenção e controlo da transmissão da infeção por SARS-CoV-2 as seguintes(1)

 a. (Re)organização do trabalho (incluindo o recurso ao teletrabalho) e adaptação dos locais de trabalho; 

b. Lavagem e desinfeção de superfícies; 

c. Distanciamento de segurança; 

d. Ventilação dos espaços; 

e. Lavagem e desinfeção das mãos; 

f. Etiqueta respiratória; 

g. Auto monitorização de sintomas compatíveis com COVID-19; 

h. Utilização de equipamentos de proteção individual; 

i. (In)formação e comunicação de risco. 

Embora a prevenção primária seja fulcral no controlo da pandemia, é de igual forma importante o papel dos gestores no apoio aos trabalhadores no regresso ao trabalho após infeção da Covid-19, muito especialmente nas situações que respeitam os poucos casos do acolhimento de trabalhadores que desenvolveram doença grave ou a COVID prolongada.

A EU-OSHA (Agência Europeia para a Segurança e Saúde do Trabalho) editou dois novos guias, onde explicam os desafios que enfrentam os trabalhadores no regresso ao trabalho após a COVID-19 quando os sintomas se prolongam, também conhecida como COVID prolongada. Os referidos guias propõem aos gestores e aos trabalhadores soluções simples para a gestão do regresso ao trabalho. 


“PÓS-COVID” E A “COVID PROLONGADA” 

Segundo o jornal Nature Medicine, o Síndrome pós Covid 19, tem sido verificado e estudado em doentes que estiveram hospitalizados, nomeadamente com internamentos em Unidades de cuidados intensivos. Acontece quando existem outras comorbilidades (diabetes, doença renal e outras) 

Os sintomas comuns persistentes da Covid-19 podem ser, a falta de ar, tosse, dor no peito, fadiga, problemas cognitivos, ansiedade, depressão, entre outros. 

A “COVID prolongada” carateriza-se pela presença de sintomas durante maior número de semanas do que o habitual, podendo prolongar-se por meses, em algumas pessoas. 

Alguns pacientes queixam-se de fadiga continua, frequência cardíaca rápida, dificuldade em respirar e dores.

  • • “A COVID prolongada pode ter padrões fora do comum: recidivas e fases com sintomas novos, por vezes estranhos. 
  • • Um caso inicialmente ligeiro pode ser seguido de problemas graves mais tarde que podem ter um forte impacto nas atividades do dia a dia. 
  • • A COVID prolongada pode durar muitos meses»(2)

Deverá certificar-se de que cumpre os requisitos de testagem antes do regresso ao trabalho. Se tiver dúvidas, consulte o seu serviço de medicina do trabalho ou o seu empregador. 

Se lhe for possível, em caso de doença prolongada, se for possível e houver vontade do trabalhador, tente manter o contato à distância (virtual) com os colegas e o seu empregador. É uma forma de se manter a par do que acontece na sua empresa, mitigar a solidão e prevenir a sua saúde mental.


O QUE OS TRABALHADORES DEVEM SABER? 
PREPARAR O REGRESSO AO TRABALHO 

Alta Médica

A alta é da responsabilidade do Serviço Nacional de Saúde. 

Tente analisar com o seu médico o que pode e não pode fazer. Peça para ser visto pelo serviço de Medicina do Trabalho. 

Reunião com o Empregador/Chefia 

O fundamental é criar um envolvimento entre o Empregador, a Chefia direta e o Trabalhador, com o objetivo de aquando do regresso ao trabalho, avaliar a carga de trabalho a receber e controlar a pressão a que vai estar sujeito de modo que o regresso ao trabalho, corra bem. 

A entrada no trabalho pode ter de ser faseada para reduzir a probabilidade de esforços excessivos. 

É o Trabalhador que precisa de estar atento ao seu corpo, alerta para os seus sintomas e se sentir necessidade de fazer alterações, solicitá-las. 

Consulta Saúde Ocupacional 

Neste processo, de regresso ao trabalho, o serviço de Saúde Ocupacional, ou o médico do trabalho, deve ser envolvido para que seja possível uma avaliação individualizada da sua aptidão para o trabalho, a par do seu local e posto de trabalho. 

O Serviço de Saúde Ocupacional e Recursos Humanos devem cuidar da sua integração no regresso ao trabalho, mas também da proteção dos seus colegas.


O APOIO DO GESTOR AO COLABORADOR COM COVID-19 PROLONGADO 

O papel do gestor é muito importante no sucesso do colaborador no regresso ao trabalho. Este deve apoiar o trabalhador, escutar as suas necessidades e preocupações e tomar as medidas possíveis. Ambos devem trabalhar em conjunto, de modo a encontrarem a melhor solução que permita o trabalhador regressar de forma segura e de se manter no trabalho. 

De acordo com o guia “A infeção da COVID-19 e a COVID longa”, da EU-OSHA, o seguimento dos seguintes passos, serão benéficos para planificar o apoio a disponibilizar ao trabalhador após regressar ao trabalho. No entanto, é essencial que o plano seja o resultado do trabalho em conjunto, devendo ser ajustado para ambas as partes: 

Passo 1: mantenha-se em contacto com o trabalhador durante a sua ausência do trabalho 

Passo 2: prepare o regresso do trabalhador 

Passo 3: converse com o trabalhador sobre o regresso ao trabalho 

Passo 4: preste apoio durante os primeiros dias do regresso ao trabalho 

Passo 5: preste apoio contínuo e efetue controlos regulares 

Alterações do Trabalho

Tendo em conta que os trabalhadores com COVID longa podem vir a ter novamente manifestação de sintomas, o regresso ao trabalho pode implicar a adoção de alterações do trabalho. Estas alterações devem ser acordadas, de forma conjunta, entre o gestor e o trabalhador, envolvendo os profissionais de saúde no trabalho e os recursos humanos, se necessário. 

Podem ser realizadas várias alterações do trabalho, dependendo de cada trabalhador e dos respetivos sintomas, como por exemplo: 

– Alterações nas horas de trabalho (início, fim e pausas); 

– Alterações nas horas trabalhadas, por ex., dias mais curtos, dias de descanso entre dias de trabalho; 

– Alterações no trabalho por turnos, por ex., considere suspender os turnos matutinos ou tardios e/ou o serviço noturno, para que a pessoa trabalhe quando está nas suas 5 

melhores condições; Alterações nos padrões de trabalho, por ex., abrandamento do ritmo (pacing), pausas regulares e/ou adicionais; 

– Alterações na carga de trabalho, por exemplo: 

  • Redução das tarefas durante um determinado período de tempo; 
  • Afetação de prazos mais longos para a realização das tarefas habituais, evitando os prazos curtos; 

– Mudanças temporárias nas atribuições ou “tarefas alteradas”; 

– Apoio, por exemplo: 

  • Uma linha de ajuda clara — alguém a quem perguntar ou pedir ajuda; 
  • Um sistema de «companheirismo» (buddy sistem); 
  • Tempo de dispensa do trabalho para consultas médicas; 
  • Evitar a realização de trabalho de forma isolada; 

– Objetivos claros e mecanismos de controlo; 

– Trabalho no domicílio durante uma parte do tempo, sempre que possível; 

– Verificações regulares sobre a variabilidade dos sintomas; 



Para mais informações consulte os guias da EU-OSHA:

– Infeção de COVID-19 e COVID prolongada — guia para gestores: 

https://osha.europa.eu/pt/publications/covid-19-infection-and-long-covid-guide-managers/view

– Infeção de COVID-19 e COVID prolongada — guia para trabalhadores: 

https://osha.europa.eu/pt/publications/covid-19-infection-and-long-covid-guide-workers/view

COVID-19: Procedimentos de prevenção, controlo e vigilância em empresas, DGS, OT nº 06/2020 de 26/02/2020, atualizada em 29/04/2021 

Post-acute COVID-19 syndrome, Nature Medicine 

A EU-OSHA produziu ainda vários documentos e ferramentas de orientação para que as empresas abordem o impacto da COVID-19 nos locais de trabalho. Podem ser consultados visitando a secção da Web específica: Os locais de trabalho saudáveis travam a pandemia. 

(1) DGS- OT nº 26, de 26/2/2020, atualizada em 29/4/2021
(2) EU-OSHA -Regresso ao trabalho após infeção por COVID-19 e COVID prolongada – Guia para trabalhadores

Realizado por:
Ângela Rodrigues
Mónica Milheiro