As bactérias do género Legionella são de dimensões microscópicas e encontram-se em ambientes aquáticos naturais e artificiais (p. ex. redes de abastecimento / distribuição de água, redes prediais de água, sistemas de ar condicionado e termoacumuladores).

Estas bactérias são patogénicas e capazes de provocar infeções respiratórias, que resultam da inalação de gotículas de vapor de água (aerossóis) contaminada, de pequenas dimensões, capazes de transportar as bactérias para os pulmões, propiciando a sua deposição nos alvéolos pulmonares. Os grupos de risco associados à bactéria em questão são considerados: adultos do género masculino entre os 40 e os 70 anos de idade, fumadores, doentes crónicos (p.ex. alcoolismo, diabetes, cancro e insuficiência renal) e imunodeprimidos.

A bactéria em questão tem maior facilidade de se desenvolver em locais onde se encontram reunidos os seguintes factores:

  • Temperatura da água entre os 20ºC e os 50ºC;
  • Humidade relativa superior a 60%;
  • Condições de pH entre os 2 e 8,5;
  • Presença de nutrientes (biofilmes);
  • Presença de sais de ferro e zinco – situações de corrosão;
  • Pouca circulação de água / Estagnação.

Desta forma, quando se fala em termoacumuladores (hospitalares, domésticos, industriais), equipamentos que potenciam o desenvolvimento da bactéria, torna-se necessária a sua prevenção e controlo.

No que se refere à prevenção e controlo da Legionella em termoacumuladores, devem ser adotadas as seguintes medidas:

  • Diariamente

– Manter a zona envolvente limpa e arrumada, facilitando o acesso ao termoacumulador.

  • Trimestralmente

– Efetuar purgas, recorrendo a válvula de descarga de fundo;

– Verificar a temperatura do termoacumulador, medindo a temperatura da água na torneira de água quente mais afastada do equipamento.

  • Semestralmente

– Realizar uma revisão do estado geral de conservação e limpeza dos pontos terminais da rede de água quente;

Substituir as juntas e filtros das torneiras e chuveiros.

  • Anualmente

– Limpar e desinfetar o termoacumulador;

– Verificar a necessidade de substituição de peças.

  • Ocasionalmente

– Descrever as operações de manutenção e outras intervenções efetuadas no equipamento;

– Manter atualizado o Dossier Técnico,[1]

– Reaquecer a água do termoacumulador até à temperatura de 70ºC, durante uma hora, quando o equipamento se encontrar fora de serviço por períodos superiores a uma semana.

[1] Recomenda-se que o mesmo inclua:

– Plano de manutenção preventiva do equipamento;

– Registos de manutenções corretivas (em caso de avaria ou falha) e eventuais reparações realizadas;

– Manual do fabricante / Declaração CE do equipamento (se existir);

– Termo de responsabilidade de instalação do termoacumulador.

 

 

Patricia Santos

Engenheira

TSST, Ecosaúde

 

Referências:

Precauções a ter para evitar o desenvolvimento da Legionella, 2017 – Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, I.P.;

Prevenção e Controlo de Legionella nos Sistemas de Água, 2014 – Instituto Português da Qualidade;

Prevenção do Desenvolvimento da Legionella em Termoacumuladores, 2006 – Serviço de Engenharia Sanitária da Sub-Região de Saúde de Setúbal;

Prevenção do Desenvolvimento da Legionella Pneumophila, 2006 – Serviço de Engenharia Sanitária da Sub-Região de Saúde de Setúbal;

Doença dos Legionários – Procedimentos de Controlo nos Empreendimentos Turísticos, 2001 – Direção-Geral da Saúde e Direção-Geral de Turismo;

Doença dos Legionários, 2001 – Direção-Geral da Saúde e Direção-Geral do Turismo;

Decreto-Lei n.º 90/2010, de 22 de julho – Aprova, simplificando, o novo Regulamento de Instalação, de Funcionamento, de Reparação e de Alteração de Equipamentos sob Pressão, revogando o Decreto-Lei n.º 97/2000, de 25 de maio.