Trabalho ao Ar Livre, Efeitos da Exposição a Temperaturas Elevadas
Algumas atividades predominantemente realizadas ao ar livre, como sejam a operação portuária, a construção civil, a manutenção e construção naval, os transportes marítimos, ferroviários ou terrestres, a pesca, a agricultura, a silvicultura a agropecuária, a vigilância de praias, o patrulhamento policial, entre muitas outras, determinam a exposição dos trabalhadores a condições atmosféricas muito desfavoráveis. O frio, a chuva, o calor, a radiação solar e o vento, constituem fatores de risco a ter em linha de conta nas avaliações de risco laboral.
O vestuário confere isolamento térmico entre o meio e o trabalhador, sendo a maior ou menor resistência às trocas de calor por condução, convecção ou evapotranspiração, determinada pelo tipo, quantidade e especificação das peças de vestuário envergadas, bem como pela extensão da área do corpo coberta. Alguns EPIs poderão também contribuir para a sensação de desconforto térmico.
Efeitos da exposição a temperaturas elevadas
Decorrente da exposição a calor intenso, verifica-se o aumento das temperaturas central e superficial do corpo, perda de água e de sal. O ciclo de estímulo, resposta e efeitos, provoca perdas de eficiência, irritabilidade, cansaço e sede. Note-se que uma perda de água superior a 5% do peso corpo humano leva ao entorpecimento e cria condições propícias para erros e acidentes. Perdas superiores a 15% poderão levar à morte. A perda de sal, eliminado através do suor e da urina, provoca aumento da frequência cardíaca, irritabilidade, náuseas, vómitos, falta de forças e ausência de sensação de sede. O insucesso da termorregulação poderá permitir que a temperatura central interior ultrapasse os 42ºC, conduzindo ao golpe de calor.
Medidas técnicas de controlo
Não sendo possível evitar ou adiar a exposição dos trabalhadores às condições desfavoráveis, deverão ser consideradas as seguintes medidas de controlo:
- Implementar soluções técnicas que permitam reduzir o esforço físico, por exemplo, por recurso a meios de mecânicos de elevação ou movimentação de cargas;
- Colocação de proteções contra a exposição direta aos raios solares, constituída por painéis, rede sombra, tendas ou outras análogas, orientáveis de acordo com o movimento aparente do Sol;
- Criar zonas de trabalho cobertas por sistemas de rega ou água nebulizada, na busca da redução do WBGT no local de trabalho.
- Promover a aclimatação dos trabalhadores às temperaturas elevadas e à exposição solar;
- Evitar a exposição de trabalhadores com problemas de excesso de peso ou problemas respiratórios;
- Promover pausas para descanso em ambiente fresco, com WBGT inferior ao do local de trabalho;
- Em função do WBGT do local de trabalho, do WBGT do local de descanso e do metabolismo estimado para as tarefas a realizar, as pausas deverão ser pré calculadas em fração de hora de trabalho.
- Prever a extensão temporal dos trabalhos ou o reforço dos recursos, no sentido de acomodar os tempos de pausa.
- Disponibilizar água tépida ou fria;
- Fornecer refeições ligeiras, várias vezes ao dia, ricas em sais minerais;
- Evitar a ingestão de gorduras e eliminar as bebidas alcoólicas;
- Ingerir sopas frias ou tépidas, saladas, grelhados, comidas com pouca gordura e pouco condimentadas, acompanhadas com água;
- Substituir os doces por fruta;
- Reduzir o consumo de cafeína;
- Evitar a exposição à radiação solar direta;
- Usar roupas leves de cores claras, de boa respirabilidade e que cubram todo o corpo.
- Proteger a cabeça com um chapéu ou boné;
- Usar óculos de sol com proteção contra UV
- Usar um creme de proteção contra a radiação solar (UV), de fator superior a 30. Reforçar a higiene pessoal.
- Ainda que sem a sensação de sede, beber água a intervalos regulares.
Bibliografia consultada
ACGIH. (2016). TLVs e BEIs. São Paulo: Tradução ABHO.
Nunes, F. M. (2010 – 3ª Edição). Segurança e Higiene do Trabalho. Amadora, Lisboa, Portugal: Edições Gustave Eiffel.