Na atualidade, o consumo de tabaco representa uma das principais causas evitáveis de doença, incapacidade e morte a nível mundial. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), morrem, anualmente, cerca de cinco milhões de pessoas, em todo o mundo, em consequência deste consumo, podendo atingir, dentro de três décadas, os dez milhões habitantes/ano.

A dependência do tabaco constitui um fenómeno complexo resultante da interação de vários fatores, entre os quais a de nicotina, substância psicoativa indutora de dependência física e psicológica por mecanismos semelhantes aos da heroína e cocaína, que surge como fator primordial.

Tendo em consideração a componente aditiva da nicotina, muitos indivíduos necessitam de ajuda para abandonar os hábitos tabágicos.

Um número elevado de fumadores consulta o seu médico assistente, pelo menos, uma vez por ano, ocupando este uma posição privilegiada para intervir na cessação tabágica.

Na abordagem clinica do fumador podem distinguir-se dois tipos de intervenção possíveis:

  • Intervenção Breve — Todos os contactos do profissional de saúde com o doente são utilizados para aconselhar o abandono o tabagismo;
  • Intervenção Intensiva — Abordagem mais prolongada efetuada em consulta especificamente programada para o efeito por um Médico. Este tipo de intervenção aumenta a taxa do sucesso da mesma.

O que se faz na Consulta de Desabituação Tabágica?

Na primeira Consulta de Desabituação são aplicadas medidas que permitem conhecer o fumador, a sua motivação para abandonar os hábitos tabágicos e o tipo de terapêutica mais adequado a cada individuo.

Esta consulta é precedida pelo preenchimento de um questionário por parte do fumador. O objetivo é desencadear no candidato uma reflexão sobre os seus hábitos tabágicos e as suas consequências.

consulta inicial deve englobar os seguintes itens, que se apresentam de forma sucinta:

  • História clínica, avaliação da motivação pessoal e ativa do fumador atribuindo-lhe uma responsabilidade direta no processo de desabituação;

        Aplicação de questionários de Avaliação do ambiente do fumador (familiar, laboral);

·         Reconhecimento da proximidade de um acontecimento que desencadeia a instabilidade emocional (desemprego, divórcio);

·         Identificação de patologia psiquiátrica ou de outras dependências;

·         Exame objetivo completo;

·         Solicitação ou avaliação de exames complementares de diagnóstico,

·         Seguidamente, será elaborado um plano de tratamento e aconselhamento adequado e cada fumador com base na informação obtida anteriormente.

Drª Fátima Caeiro,

Médica Especialista em Pneumologia

Assistente Hospitalar Graduada do Hospital de Santa Maria (CHLN