Todos os indivíduos que estão inseridos no mercado de trabalho estão sujeitos, em certos aspetos da sua carreira, ao stress laboral (ou seja, aquele que tem origem na sua atividade profissional).
Mas o que é realmente o stress?

Embora já quase todas as pessoas tenham ouvido falar do termo “stress”, poucos sabem o que realmente significa, o que o causa e, mais importante ainda, quais são as suas consequências.

Em termos clínicos, stress é um estado de ativação emocional e fisiológica excessiva que é causado por uma situação cujas exigências ultrapassam os recursos emocionais e/ou mentais de um individuo. Por outras palavras: stress é um estado exagerado de ansiedade que é causado por situações com as quais um indivíduo tem dificuldade em lidar. Estas situações podem advir de várias vertentes da vida da pessoa, desde o seu ambiente familiar, à sua vida social e profissional.

Às situações que dão origem a stress chamamos “stressores”. Existem alguns stressores que são inevitáveis e até imprevisíveis (catástrofes súbitas, como a morte de um ente querido), que são impossíveis de controlar. Mas a esmagadora maioria dos stressores são situações diárias e de menor intensidade, nomeadamente em ambiente laboral e é nessas que é necessário intervir.

O planeamento das atividades de cada trabalhador deve ser realizado com recurso a profissionais pluridisciplinares (médicos do trabalho, gestores administrativos e psicólogos), que tenham em conta as capacidades de cada colaborador e as exigências do posto de trabalho.

Obviamente que um trabalhador que tenha sofrido a perda de um braço não pode operar máquinas; mas existem situações menos óbvias que é igualmente necessário planear. Por exemplo: devem ser criados momentos de pausa na atividade de um indivíduo, cujo trabalho envolva estar exposto ao sol ou a gases e vapores tóxicos durante várias horas por dia. Estas situações, para além de criarem riscos para a saúde do trabalhador diretamente, ao longo do tempo vão gerando cada vez mais stress, que por sua vez interfere negativamente, tanto na saúde do trabalhador como na produtividade da empresa.

Para além da importância de um bom planeamento de atividades, está cada vez mais a ser reconhecida a importância da existência de uma rede de apoio entre os trabalhadores de um mesmo serviço ou secção. Ou seja: indivíduos que mantêm uma relação amigável e de confiança com os colegas, sofrem consideravelmente menos efeitos nocivos derivados do stress laboral.

É importante notar que as consequências do stress não afetam apenas a vertente da vida onde surgem. Daí que seja extremamente importante compreender e combater o stress laboral, uma vez que este pode ter consequências que vão para além de prejudicar o trabalho, podendo mesmo afetar o resto da vida do indivíduo e daqueles que o rodeiam.

É importante para o trabalhador tentar reduzir o seu nível de stress, já que este pode desencadear e/ou agravar doenças cardiovasculares, tais como hipertensão e enfarte do miocárdio e doenças músculo esqueléticas, bem como ansiedade grave ou insónia, entre outras.

Os empregadores beneficiam da promoção da redução de situações stressoras no local de trabalho, uma vez que um excesso de stress pode causar problemas a nível organizacional que vão desde uma redução significativa na qualidade do trabalho produzido até a problemas mais flagrantes como letargia e absentismo, ou mesmo acidentes de trabalho, com os custos indiretos que tais fenómenos acarretam.

O stress é uma componente inevitável da vida, quer a nível pessoal como profissional. Contudo, é importante garantir que não atinge níveis que o trabalhador não consiga gerir. E uma vez que as consequências negativas do stress afetam tanto o trabalhador como a empresa, é da responsabilidade de ambos reduzir o stress e mantê-lo sob controlo.

Luís Gregório
Médico especialista em Medicina do Trabalho
Na Ecosaúde, S.A.

 

Bibliografia:
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