As doenças cardiovasculares são das mais importantes causas de morbilidade e mortalidade em todo o mundo. Em Portugal, são a principal causa de morte e responsáveis por 32% do total dos óbitos. Segundo um estudo português “The PAP study” (INS 2005-2006), 21% da população em Portugal tem excesso de peso e 16% são obesos, 20% são fumadores e 42% têm hipertensão (HTA). A Organização Mundial da Saúde (OMS) nos últimos anos tem alertado para esta situação e para o seu agravamento significativo até 2025.
O factor de risco cardiovascular modificável mais frequente é a hipertensão arterial, principalmente se desconhecida ou não controlada. É também o principal factor etiológico do acidente vascular cerebral, doença das artérias coronárias, insuficiência cardíaca e insuficiência renal. A hipertensão é um problema de saúde pública e a prevenção e o tratamento da HTA assume importância central nas estratégias preventivas, em Saúde.
A HTA é o factor de risco mais prevalente na população portuguesa e por consequência, apesar de ser simples o seu diagnóstico, este deve obedecer a um processo criterioso e rigoroso de avaliação, diagnóstico e classificação.

A HTA, como doença crónica que é, necessita da terapêutica e vigilância continuada no tempo, sendo importante não esquecer que a interrupção da terapêutica, absoluta ou intermitente, pode associar-se a um agravamento da situação clínica, embora, num grande número de casos, a HTA evolua de uma forma benigna e seja fácil de controlar.

A HTA resulta normalmente da interacção de múltiplos factores genéticos e ambientais. De entre os factores que mais contribuem para o desenvolvimento da HTA nos adultos estão o sedentarismo e a obesidade, cuja prevalência também têm vindo a aumentar progressivamente.
A menor percepção e ausência de tratamento da doença poderão dever-se ao facto da HTA ser durante muitos anos uma doença silenciosa dos adultos jovens terem menor seguimento médico rotineiro e não ser feito rastreio sistemático dos factores de risco cardiovascular.
O diagnóstico de hipertensão arterial (HTA) define-se em avaliação de consultório, como a elevação persistente em várias medições e em diferentes ocasiões, da pressão arterial sistólica (PAS) igual ou superior a 140 mmHg e/ou da pressão arterial diastólica (PAD) igual ou superior a 90 mmHg, conforme algoritmo clínico da Tabela abaixo.
Tabela 1: Classificação DGS, com referência a norma n.º 20/2011 de 28-09-2011

Legenda: HTA – Hipertensão arterial; PAS – Pressão arterial sistólica; PAD – Pressão arterial diastólica.

 

A avaliação da Pressão Arterial (PA) deve obedecer às seguintes premissas:
•    Efectuada em ambiente acolhedor;
•    Realizada sem pressa;
•    Sentado e relaxado, pelo menos, durante 5 minutos;
•    Com a bexiga vazia;
•    Não ter fumado nem ingerido estimulantes (ex.: café) na hora anterior;
•    Com o membro superior desnudado;
•    Uso de braçadeira de tamanho adequado;
•    Medição sistemática no membro superior em que foram detectados valores mais elevados da PA na primeira consulta.

 

Deve ser realizado o registo dos valores da PA, o braço em que foi medida, a hora de medição e alguma circunstância particular, como stress, febre ou agitação.
Todos os indivíduos com HTA grau 3, assim como todos os, com grau 1 e 2 com risco cardiovascular (CV) alto ou muito alto, são candidatos a tratamento farmacológico precoce.As Recomendações para a prevenção e tratamento da HTA devem assim, ser mais prospectivas e efectivas desde muito cedo, como por exemplo: redução sistemática do sal na dieta, aumentar o consumo de fruta e vegetais, restrição de gorduras saturadas, cessação tabágica, prática regular e efectiva de exercício físico, manutenção do peso adequada, restrição de stress e do consumo de álcool.As Recomendações quanto à prática de exercício físico regular para a prevenção cardiovascular primária são de pelo menos 30 minutos de actividade física continua com intensidade moderada, iniciando com exercício aeróbio suplementado posteriormente com exercício de resistência, com uma frequência de 5 a 7 dias por semana.
A terapêutica anti-hipertensora nos indivíduos com risco cardiovascular baixo ou moderado só deve ser iniciada quando a HTA persiste após vários meses, apesar das alterações apropriadas de hábitos de vida. Em indivíduos com risco elevado e muito elevado de complicações cardiovasculares deve ser iniciada prontamente.

Cuide do Seu coração, Controle a Hipertensão!

Nuno Dias
Enfermeiro, Ecosaúde